

“Tudo é incrível, estou vivendo os melhores dias de minha vida”, afirmou Andresa de Deus, 15 anos, vinda de Salvador, BA. Na noite de abertura, na quinta-feira, ela esteve na arena montada para a realização do principal encontro dos desbravadores, ocorrido diariamente. Ouviu do pastor Elmar Borges, líder de Desbravadores da Igreja Adventista para o Nordeste, e coordenador do campori, o apelo para que os desbravadores leiam mais a Bíblia Sagrada. “Queremos que vocês saiam daqui ainda mais apaixonados por Jesus”, empolgou-se o líder, sendo bastante aplaudido ao anunciar a doação de Bíblias personalizadas para todos os participantes.
O apelo para a dedicação ao estudo da Palavra de Deus ainda teve um momento especial, na abertura, quando os presidentes de sedes administrativas da União Nordeste Brasileira – escritório da Igreja Adventista para a região –, subiram ao palco carregando réplicas gigantes do livro sagrado. As cópias reportavam à campanha “Siga a Bíblia”, um marco de valorização do estudo das Escrituras em todo o mundo, ocorrido no ano passado. O pastor Otimar Gonçalves, líder de desbravadores para a América do Sul, reforçou o apelo para que os adolescentes gastem horas estudando a Bíblia. “Vocês têm nas mãos o guia definitivo para a vitória espiritual que tanto precisam”, disse. Recebida como um aforismo, o apelo do líder contribuiu para um momento inesquecível, quando milhares de vozes silenciaram para ouvir a oração proferida pelo pastor Geovani Queiroz, presidente da Uneb, num claro sinal de que a mensagem foi compreendida por todos.

60 anos dos desbravadores - Além da mensagem do pastor Otimar Gonçalves, os desbravadores contaram com a participação do líder mundial, pastor Baraka Muganda. Foram três noites de uma contagiante declaração de amor a Jesus e ao evangelismo, e de apelo para que os adolescentes adotem um senso de urgência para a pregação da mensagem a amigos e familiares. “Deus quer que vocês corram para levar a luz divina a todas as pessoas”, declarou, sendo saudado com acenos acalorados de aprovação ao apelo. Foi assim durante todas as noites, um clima de celebração e motivação para os ideais de salvação, comunhão e serviço defendidos pela Igreja. Cantores e grupos, como o quarteto Athus, o grupo de metais da Faculdade Adventista da Bahia, Laura Morena e Leonardo Gonçalves participaram com o louvor.
Houve espaço também para homenagens. Em comemoração pelos 60 anos de história dos desbravadores no Brasil, os líderes que ajudaram a consolidar os clubes no Nordeste foram homenageados. Destaque para dois momentos: a homenagem ao pastor Antonio Brito, presidente da Missão do Oriente Boliviano, e ao pastor Erton Köhler, presidente da Divisão Sulamericana. Ambos foram líderes de desbravadores da Uneb e conduziram os dois camporis anteriores. O outro momento marcante foi a homenagem aos pioneiros de cada estado do Nordeste, em especial a menção à memória da assistente social e educadora Joselita Rodrigues, primeira mulher a fundar um clube de desbravadores no Brasil, no início da década de 60, falecida em janeiro de 2010.
A lembrança dos 60 anos dos desbravadores no país serviu também para uma prova curiosa. Cada clube foi desafiado a produzir um bolo temático, relativo à efeméride. Uma exposição com mais de 300 bolos atraiu a atenção dos participantes. Um deles, produzido por um clube de São Luiz, MA, levou mais de 10 horas para ficar pronto. Consumiu mais de 8 kg de farinha de trigo, e ficou com cerca de 20 kg, depois de pronto. Trazia referências às várias atividades desenvolvidas pelos desbravadores.
Durante o dia, o carrossel de atividades parecia interminável. Houve provas de ação comunitária, como a limpeza de praias e a entrega de brinquedos para crianças carentes. Provas de resistência, exercícios em rapel inclusive; houve execução de marchas, noções de adestramento de cães, com exibição pela polícia militar; também ocorreram provas de primeiros socorros. A estudante Hanna Góes, 14 anos, de Irecê, BA, viu nesse tipo de especialidade uma oportunidade para a vida. “Posso usar o conhecimento de primeiros socorros em meu cotidiano”, declarou.
As provas de conhecimento pontuaram a rotina do campori. Mais uma vez, a Bíblia foi enaltecida, com testes como o concurso “Bom de Bíblia” e de oratória cristã, além de música sacra. A história da Igreja Adventista entrou em pauta com a campanha “Eu conheço minha história”, patrocinado pelo Ministério da Criança. O desbravador Elvis Medeiros de Melo, 14 anos, de Natal, RN, animou seu clube ao posar com o boneco Guigo, o mascote da campanha. O adolescente é o vencedor de um concurso de conhecimentos sobre a Igreja Adventista, patrocinado pelo projeto.
O chamado à missão teve um gosto especial com a realização diária de batismos. Adolescentes que já viviam em rotina de clubes de desbravadores deram testemunho público de conversão ao adventismo, através de batismo em um tanque estilizado que lembrava a logomarca dos desbravadores. Na segunda-feira, houve 14 batismos e um apelo para a participação de todos em campanhas missionárias.
A participação ativa dos jovens em projetos da Igreja depende da dedicação dos líderes. E não faltou motivação durante o campori, especialmente com a realização de uma das maiores investiduras já ocorridas na história do clube de desbravadores no Nordeste. Cerca de 400 líderes foram investidos e receberam a missão de servir de exemplo para a juventude. Papel desempenhado com afinco por Gilenio Pereira da Silva, 53 anos e um pioneiro dos desbravadores para o sul da Bahia. Gilenio tomou a decisão de viajar ao campori de bicicleta, percorrendo uma estrada de 1.563 km. Gilenio fez o trajeto em dez dias, perdeu quatro quilos com a viagem, sentiu febre e sofreu com problemas estomacais, mas chegou empolgado ao acampamento pela oportunidade que teve de parar em alguns lugares e evangelizar para as pessoas.
Momentos de consagração - Ao final do evento, o pastor Elmar Borges aproveitou a realização de uma encenação sobre a volta de Jesus, e conclamou todos os participantes a consagrarem-se a Deus. Desse modo, acredita o líder, será possível estar vigilante e se preparar para o grande encontro. “Quem sabe o próximo campori não será realizado no Céu, para a alegria e refrigério de todos nós, disse.
Os desbravadores são um dos principais projetos sociais e cristãos da Igreja Adventista do Sétimo Dia em todo o mundo. Através do clube, meninos e meninas se acostumam com uma rotina rígida e cheia de controle, expressa através de marchas, desfiles e estudos da natureza, dos animais e das relações humanas. Segundo estudiosos, essa é a receita da satisfação dos adolescentes com esse tipo de evento. “Ao adotar uma rotina rígida, os adolescentes, sem ter uma definição sobre a própria vida, sentem segurança; e ao propor gincanas, se atende ao desejo de competitividade comum a essa faixa etária”, disse a psicóloga Eliane Lira. Com uma receita assim, é fácil entender o sucesso dos desbravadores e de um evento como o Campori do Nordeste. Cansados, mas jamais desanimados, os desbravadores encerraram o acampamento com a certeza de que algo semelhante a um ritual de passagem aconteceu em suas vidas. “Tenho certeza de que não sou mais a mesma pelo tanto que aprendi aqui”, disse Stephanie de Sá, 15 anos, de Salvador, BA, não sem antes fazer o “v” de vitória com as amigas para a foto.
(Equipe ASN, UNeB/Heron Santana
Por: Edymar Crhuz
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